A região da Alsácia, na França, que faz fronteira com a Alemanha e a Suíça, é considerada uma das regiões mais bonitas da Europa. Nesta zona se originaram alguns dos contos europeus mais conhecidos pelo mundo, como Branca de Neve ou A Bela e a Fera, e na hora de levar essas histórias para as telas, a Disney eternizou a arquitetura da região, retratando-a em seus desenhos animados.
Visitar essa região é literalmente fazer uma viagem de conto, neste caso, de conto de fadas.
Além da arquitetura imortalizada nos livros e filmes de contos de fadas, outro grande atrativo turístico da Alsácia é sua Rota do Vinho. Desde Mulhouse até Estrasburgo, são mais ou menos 170km de trajeto que passa por pequenos povoados e aldeias rodeados de vinhedos e de vinícolas que estão, literalmente, abertos a visitação.
Tive o prazer de conhecer a Alsácia em março de 2024 e aqui vou contar um pouco das cidades visitadas.
Colmar
Colmar, juntamente com Estrasburgo, é das cidades mais turísticas da região e que acaba servindo de base aos viajantes devido à sua boa infraestrutura. A vantagem de Colmar é que ela fica mais ou menos no meio da Alsácia, o que nos permite deslocar-nos facilmente tanto para o norte como para o sul, seja com carro alugado, de ônibus ou de trem.
A cidade é mediana para os padrões europeus (com +- 70 mil habitantes) e muito bem estruturada e organizada. A zona de interesse principal é, obviamente, seu centro histórico, também chamado em francês de "core de ville". Nesta região e ao redor dela se concentram as principais opções de hospedagem.
Fora de temporada (ou seja, nos meses que não são de inverno), os preços da hospedagem são muito bons (começando com mais ou menos 45 - 50 euros por noite por um hotel de 1 estrela, como o Ibis). Em época de temporada alta (os meses de inverno, principalmente Dezembro e Janeiro, pelas tradições natalinas), os valores sobem consideravelmente.
A alta temporada em Colmar e em toda a Alsácia é o inverno pois nessa zona eles organizam aqueles charmosos mercadinhos de Natal que costumamos associar à Alemanha ou a Suíça. Como essaa região faz fronteira com esses dois países, o costume se espalhou por esta zona também.
Mas mesmo fora da época natalina, a visita a Alsácia vale a pena e continua sendo mágica. Fui na época que antecedia a Páscoa e a cidade estaba lindamente decorada com ovos, coelhinhos, pintinhos e todos os símbolos que remetem a essa data. Em Colmar há uma forte tradição chocolateira, por isso qualquer data associada a esse produto (Natal, Dia dos Namorados, Páscoa) é fortemente celebrada na cidade.
O que ver em Colmar
Museu do chocolate
Por falar em chocolate, há um museu em Colmar dedicado ao tema.
Nele é possível entender a história de como esse produto ganhou o mundo: explicam desde as características do habitat natural do cacau (na América Central), como ele era usado pelas civilizações maias e astecas (que faziam uma bebida de cacau), como os europeus tiveram contato com o cacau após chegarem às Américas, como esses mesmos europeus espalharam a fruta pelo mundo (plantando-a no Brasil e principalmente na África para logo ser consumida como bebida e posteriormente como bombom) dando origem ao consumo do produto tal como conhecemos hoje.
A entrada ao
ChocoStory de Colmar custa 12,50 euros e na minha opinião vale muito a pena. O museu é totalmente interativo, com audioguia, videos e atividades digitais. Ao longo do recorrido dentro do museu podemos provar chocolate, ver receitas e até sentir cheiros de ingredientes em distintas ocasiões. Dá para passar facilmente de 1h30 a 2h muito agradáveis dentro do local.
Igreja de São Martinho (Collégiale Saint-Martin)
Esta igreja é a maior de Colmar e uma das maiores da região da Alsácia (perde somente para a de Estrasburgo). Ela tem uma arquitetura gótica que é bem bonita na parte exterior, apesar de ser discreta na parte interior (pelo menos se comparada às igrejas da Espanha ou de Portugal, que costumam ser mais ostentosas). A visita vale a pena principalmente porque é gratuita.
Museu Bartholdi
O
museu Bartholdi é a casa onde morou o escultor Auguste Bartholdi, que é simplesmente o reponsável por idealizar a Estátua da Liberdade que foi presenteada pela França para os Estados Unidos. Inclusive, em Colmar há uma réplica da estátua, mas ela fica numa zona mais isolada e distante do centro histórico. Por sorte, há outras esculturas do autor espalhadas por Colmar e que valem mais a pena ser apreciadas. A entrada ao museu vale 5 euros.
Museu Hansi
Hansi é outro artista famoso de Colmar, ele era desenhista e caricaturista. Hansi foi o responsável por começar em Colmar uma linda tradição que são as placas identificadoras dos estabelecimentos. Essas placas são detalhadamente trabalhadas com cenas que refletem os serviços oferecidos em cada local.
A entrada ao
Museu Hansi também custa 5 euros. O primeiro andar do museu é na verdade uma loja de souvenirs (não precisa pagar para ver a loja), e uma dica que deixo é comprar lembrancinhas de Colmar nessa loja, pois é a loja com melhores preços, e com mais variedade de items, na cidade.
Pequena Veneza
A Pequena Veneza é o bairro mais marcante de Colmar. Tem esse nome porque pelo bairro passa o Rio Reno que está canalizado e, tal como em Veneza (pero em uma escala beeeem menor), são organizados passeios em barquinhos pelo rio.
Nessa parte da cidade é onde mais podemos ver as casinhas de estilo germano-francês (conhecido como einxamel, que faz referência ao entramado de madeira que permitia encaixar as casas, já que essas eram montadas e desmontadas conforme as famílias mudavam de bairro ou cidades). Esse estilo arquitetônico é a marca da Alsácia, na França e também da região do Alto Reno alemão.
Mercado fechado (Marchet Couvert)
Sabemos que estamos chegando na Pequena Veneza quando vemos o "Mercadão" de Colmar. O local funciona como um mercado comum, com a venda de legumes, frutas, queijos, embutidos, peixes etc., mas também é uma espécie de mercado gourmet, com vários stands onde comprar comida, seja para levar ou para comer no local.
Grand Rue
A Grand Rue, ou Rua Grande, cruza todo o centro histórico de Colmar e é a referência para explorar a cidade, pois andando por ela você conseguirá visualizar todos os pontos de interesse de Colmar.
Nessa rua está o comércio principal da cidade, que se centra em lojas de souvenirs, confeitarias, lojas de vinhos e cafés/restaurantes. Recomendo fortemente inscrever-se num
free tour por Colmar para que, a medida que o/a guia vá andando com você pela Grand Rue e por todo o centro de Colmar, você possa ir conhecendo cada detalhe sobre as interessantísimas história, cultura e gastronomina da região.
Riquewihr e Hunawihr
A Alsácia é uma região cheia de povoados e aldeias de contos de fadas, como já disse. Quem puder passar vários dias na região pode aproveitar para conhecer todos eles. Mas, se você tem apenas 2 ou 3 dias, como eu tive, deverá escolher 2 ou 3 deles, já seja para conhecê-los num mesmo dia ou não.
Se a sua escolha for ir a
Riquewihr e Hunawihr, dá tranquilamente para visitar ambos locais em meio-dia caso conte com carro próprio ou transfer privado. Eu contratei um tour com a
Alsace Safari (altamente recomendável) no qual saímos às 13h de Colmar, visitamos Riquewihr primeiro (uma visita de 1h - 1h30 mais ou menos) para ver especialmente os vinhedos e entender um pouco sobre a cultura vinícola da região.
Depois fomos
Hunawihr (onde estivemos por 1h30-2h mais ou menos) e aprendemos mais sobre a cultura e costumes antigos e atuais; e depois ainda fizemos uma visita de umas 2h na bodega
Justin Boxler, que fica no povoado (impronuciável) de
Niedermorschwihr, onde pudemos provar uns 10 vinhos feitos pela família, que leva já 11 gerações dedicada a esse trabalho.
A visita aos povoados alsacianos se centram em contemplar a arquitetura, comer, beber vinho, tirar fotos e comprar souvenirs, por isso digo que dá tranquilamente para combinar 2 ou 3 povoados em um mesmo dia, afinal provavelmente com 1h30 a 2h você terá tempo suficiente para conhecer cada um deles de ponta a ponta.
Comer na Alsácia
Como qualquer região da França, a Alsácia é uma excelente opção para quem gosta de fazer viagens gastronômicas. Somente em Colmar, uma cidade de menos de 100 mil habitantes, é possível encontrar muitos restaurantes com estrela ou indicação do Guia Michelin, isso já deixa um pouco evidente a qualidade da comida por lá.
Se você busca pratos tipicamente alsacianos, deve provar o baeckeoffe, um cozido com três carnes (porco, vaca e cordeiro), vinho (geralmente vinho branco), batatas e cenouras. Excelente pedida para dias mais frios de inverno ou primavera.
@terrasporondeandei no Instagram
Outro prato estrela da região é a tarte flambéé, que nada mais é que uma pizza, mas com a massa mais fina que já vi na vida!
No café da manhã, o chocolat viennois faz sucesso entre os locais e entre os turistas (nada mais é do que chocolate quente com chantilly). Outro quitute para o café da manhã ou da tarde é o bretzel (ou mais conhecido como pretzel): comer um bretzel recém-saído do forno me deu lembranças de comer um pão francês quentinho do Brasil.
En Colmar, recomendo a visita al Chez Hansi e ao Le Fer Rouge, que ficam praticamente um de frente para o outro entre a Grand Rue e a Rue des Marchands, já chegando na zona da antiga alfândega.
Como chegar à Alsácia
Como moro na Espanha, eu cheguei até Colmar por via aérea e depois rodoviária. Primeiro, peguei um voo de Málaga ao Euroairport, que fica na fronteira da Basileia (Suíça) com Saint Louis (França). No próprio aeroporto, peguei um ônibus que me deixou em Colmar. Descer no Euroairport é uma opção fácil para qualquer um que esteja dentro da Europa. Outra opção é desce no aeroporto de Estrasburgo, mas os voos neste aeroporto são mais sazonais e não há conexões com tantas cidades como há no Euroairport.
Para quem está no Brasil ou fora da Europa, provavelmente a melhor opção é viajar até Paris e de Paris pegar um trem que vá para Estrasburgo, já que desde Estrasburgo há transporte para toda a Alsácia. Outra ideia é voar até Zurich e de lá pegar também um trem que passe pela Basileia, já que essa cidade está na zona fronteiriça com a Alsácia.
Ir de Colmar aos povoados
Para
deslocar-se de Colmar aos povoados ao redor, como Riquewihr, Hunawihr ou Eguisheim (esta última dizem que é a vila mais "de conto de fadas" de todas), a melhor opção é contar com carro próprio ou
transfer privado como o da Alsace Safari que mencionei antes. Também há a opção de usar ônibus, mas é preciso ficar bastante atento aos horários de ida e volta e aos dias em que esas linhas funcionam (de domingo ou feriados, por exemplo, não há serviço).
A linha intermunicipal 68R016 é a mais recomendada para o deslocamento aos povoados de Riquewhir e/ou Hunawhir. Ela sai da estação de trem de Colmar. Na mesma lógica, a que vai a Eguisheim é a 68R030. Mas, para Eguisheim, pelo que estive olhando, também seria possível usar alguns ônibus municipais de Colmar (linha C e linha 26), que custam muito mais baratos e que chegam até Wettolsheim, de onde se pode caminhar até Eguisheim (ressalto outra vez: é preciso ficar muito atento aos horários das linhas municipais, porque são pouco variados).
Alojamento
Minha opção de hotel em Colmar foi o Ibis Budget Colmar Centre Ville. É um hotel de 1 estrela, nos padrões Ibis, com quarto pequeno mas cômodo. A localização é fácil para quem chega a Colmar de trem ou ônibus, e é fácil também para acessar o centro da cidades (uns 5 minutos de caminhada).
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