Roteiro de 4 dias em Londres

Em outubro de 2024 tive a oportunidade de conhecer uma das cidades que - como uma boa fã de Harry Potter - mais sonhava conhecer: Londres

Como tinha 3 dias de férias que devia gastar antes do fim do ano, fiz uma viagem de quinta-feira a segunda-feira à capital inglesa aproveitando a baixa temporada e a facilidade de chegar a essa cidade saindo da Espanha, já que daqui há muitos voos para Londres devido à alta quantidade de ingleses que entram e saem da Espanha ao longo de todo o ano.

Big Ben e ônibus de dois andares: os ícones de Londres

Abaixo comento sobre nosso roteiro de 4 dias em Londres, listando os lugares que conhecemos, onde nos hospedamos, sobre o transporte entre Espanha e Inglaterra e também sobre como nos movemos pela cidade.

Voos da Espanha à Inglaterra

Como disse na introdução, há muita disponibilidade de voos entre Espanha e Inglaterra. Praticamente qualquer cidade espanhola com aeroporto internacional terá ao menos um voo por dia com destino a Londres. Para nós, a cidade mais próxima, com a melhor oferta e com o melhor custo-benefício de voos era Málaga, e a companhia área que escolhemos foi a Wizz Air

Os voos de ida e volta saíram a 60 euros por pessoa e nosso trajeto foi de Málaga a Londres-Gatwick. Esse aeroporto inglês fica a uns 50km do centro de Londres e a vantagem de voar até ele é que é bastante fácil ir ao centro de Londres usando o trem. 

A rainha Elizabeth jovem e madura recebe os turistas que desembarcam em Gatwick

Há 3 linhas de trem que saem da estação que fica dentro do aeroporto de Gatwick e te deixam na estação Victoria, onde há conexões a várias linhas de metrô centrais da capital inglesa. Nós optamos por usar o trem da Southern para chegar até a estação Victoria, pois tinha preços um pouco mais econômicos que as demais empresas e o horário encaixava bem com nosso horário de chegada a Londres.

Aliás, o horário dos voos (além dos preços econômicos) foi um fator que nos fez escolher a WizzAir. Geralmente, empresas low cost têm horários bem ruins, com voos saindo e/ou chegando de madrugada, mas no caso do trajeto Málaga > Gatwick os horários eram bastante aceitáveis: a ida foi às 11h55 (com chegada a Londres às 13h55, hora local da Inglaterra), e a volta foi às 15h25 com chegada à Málaga às 19h30 (hora local da Espanha).

Optamos por ir de carro de Jaén, onde vivemos, até Málaga, e deixamos o nosso carro no estacionamento do aeroporto pelos 5 dias de duração da viagem. Economicamente falando, compensou mais fazer isso que ir à Málaga de ônibus e dormir 2 noites na cidade, já que se fóssemos de transporte público precisaríamos ir à Málaga no dia anterior da saída do nosso voo e voltar de Málaga a Jaén no dia seguinte à chegada do voo na Espanha.

A AENA, que gerencia os aeroportos espanhóis, oferece descontos para quem reserva o estacionamento com antecedência para "longa temporada" (mais de 1 dia) e é possível gestionar essa reserva online facilmente. 

Hospedagem e locomoção em Londres

Talvez a parte mais desanimadora de planejar uma viagem a Londres seja o preço da hospedagem. A cidade é uma das mais caras do mundo nesse quesito, por isso que a melhor forma de economizar com a estadia na cidade é ir em baixa temporada (Londres é permanentemente turística, mas evitar o verão e datas especiais, como Halloween ou Natal, pode ajudar).

Geralmente, preferimos hospedar-nos em hotéis, pois esta nos parecem a forma mais cômoda e correta de estadia, e como somo sócios da Rede Accor, esta foi a primera opção que nos veio à cabeça. 

Encontramos um hotel Ibis Budget com diárias atrativas na zona de Barking, um bairro que fica a 20km do centro de Londres. Além do preço razoável, o Ibis Barking nos pareceu uma boa opção pois se conecta facilmente com as zonas centrais de Londres pelo metrô (principalmente pela District Line). A viagem dentro do metrô é demoradinha (em média 50 minutos), mas pelo menos não é preciso fazer nenhuma baldeação para chegar a estações centrais (como Victoria, St James´s Park ou Westminster).

Falando em metrô, Londres é A CIDADE do mundo para usar esse tipo de transporte. Há muitas linhas (são tantas que as cores até se repetem entre muitas delas), e elas conectam toda a zona central e a periferia de Londres. 

Os preços da tarifa não são exatamente baratos, mas há um sistema para quem paga com cartão bancário que é muito interessante, pois ele analisa todos os metrôs que você usa ao longo do dia e no fim do dia, na hora de cobrar a tarifa, busca a forma mais barata de fazer o cálculo. Para tirar proveito disso, é preciso usar o mesmo cartão durante todo o dia e não se pode esquecer de passá-lo ao entrar e ao sair das estações (não se preocupe, não vai te cobrar duas vezes, é simplesmente para ter o registro de onde você entrou e onde você saiu ao longo do dia). 

Outra forma de pagar pelo metrô - e essa compensa principalmente para quem for ficar em Londres no mínimo 5 dias - é o cartão Oyster, que é como um bilhete pré-pago para uso exclusivo no transporte.

Uma opção mais barata de locomoção e que também é bem eficiente e com ampla oferta são os ônibus (e sim, todos os ônibus em Londres são aqueles típicos de dois andares que vemos em filmes e séries britânicos; nem todos são vermelhinhos, mas a grande maioria é). A única desvantagem do ônibus é que é um transporte mais lento que o metrô, mas a grande vantagem é que você pode ir vendo e apreciando a cidade ao longo do trajeto. No ônibus também se pode pagar usando diretamente um cartão bancário, de débito, crédito ou inclusive pré-pago.

Como Londres tem muitos metrôs e ônibus, minha dica é usar o Google Maps como guia. Ponha o local onde está e onde quer chegar e veja as opções de transporte público. Ao escolher a que te pareça mais adequada, o Google Maps te mostrará exatamente onde pegar esse transporte e para qual sentido (é importante guiar-se pelo sentido das linhas, tanto de ônibus como de metrô, pois é com base no ponto de partida e de chegada que a rede de transporte funciona).

O que ver em 4 dias em Londres

Londres é uma cidade que merece mais de 1 visita, pois assim como Nova York ou São Paulo, há tanta vida cultural e tanta variedade de atrações que até mesmo quem mora nessas metrópoles não dá conta de conhecer tudo. 

Se você - como eu - não sabe se conseguirá voltar a esse destino e quer aproveitar o melhor que puder dele, recomendo que na sua viagem à Inglaterra planeje no mínimo um roteiro de 4 dias em Londres (mas se puder passar de 5 a 7 dias na cidade, acho que seria melhor).

O que nos deu tempo ver nos 4 dias que estivemos pela capital inglesa foi o seguinte:

Dia 1

  • Museu de História Natural (Natural History Museum): um dos maiores e mais conhecidos museus de Londres, dedicado principalmente a ciências como a Biologia, a Geologia e Paleontologia. Como muitos museus da cidade, a entrada é gratuita e recomendo reservar com antecedência pela internet para não ter que pasar por filas de espera para conseguir entrar.
O Natural History Museum é ideal para os amantes das ciências naturais

  • Tour Harry Potter (zonas de Soho, St James e Westmister): uma das melhores experiências que tive em Londres foi fazer um free walking tour para ver locais da cidade relacionados com a saga Harry Potter. O tour passa pelo teatro onde se exibe há mais de 10 anos a peça Harry Potter and the Cursed Child (a "continuação" extraoficial da saga), passa também pelos edificíos que inspiraram o banco Gringotes e o Ministério da Magia, passa por uma das ruas que inspirou o Beco Diagonal (a outra rua que o inspirou fica na Escócia), e termina num parque onde fica uma árvore que lembra o aspecto do Salgueiro Lutador.

A Cecil Court tem lojas como uma livraria focada em magia e esoterismo, além de uma loja de moedas e outras antiguidades que lembram as lojas existentes no Beco Diagonal em Harry Potter

  • Chinatown: a zona da Chinatown fica no bairro do Soho, que é um bairro culturamente vibrante, com teatros dedicados a musicais, lojas e restaurantes para todos os gostos. Há umas 3 ou 4 ruas que oferecem o melhor da culinária asiática, mais ou menos como a Liberdade em São Paulo.
  • Museu Britânico (Bristish Museum): o museu britânico é um museu acima de tudo histórico que conta não apenas a história da Inglaterra, mas a história da humanidade. A entrada é gratuita e recomendo a reserva antecipada no site.

Dia 2

  • Big Ben e London Eye (zona de Westminster): a atração por excelência e cartão postal de Londres, o Big Ben, fica na "cara do gol" do metrô Westminster, já que ao sair dessa estação possivelmente você vai se deparar com ele; e a escasos metros, indo em direção às pontes que cruzam o rio Tâmisa é possível avistar outra grande conhecida de Londres, que é a roda gigante batizada de London Eye.
A London Eye, uma das rodas gigantes mais famosas do mundo

  • London Bridge, Tower Bridge, Borough Market (zona de Southwark): um passeio interessante em Londres é bordear o rio Tâmisa e ir vendo os bairros e atrações que ficam mais ocultos, na altura do rio. É fazendo isso que você consegue chegar aos pontos que proporcionam as melhores vistas para fotos das pontes icônicas da cidade, como a Tower Bridge e a London Bridge. 
Tower Bridge: esta ponte londrina é um dos pontos mais fotografados da capital; pode ser atravessada a pé gratuitamente na parte de baixo, ou pagando valiosas 17 libras se quiser ir por cima

  • Brick Lane (zona de Spitalfields): afastando-se um pouco da zona central da cidade, vamos nos deparando com o lado mais underground de Londres, e para quem gosta da cultura punk e de uma cultura mais alternativa, um passeio pela rua Brick Lane é obrigatório, já que essa zona industrial alberga desde lojas de discos, vários brechós e lojas de roupas, muito grafiti, além de barracas de comida de rua e mercadinhos com opções culinárias de todo o mundo.
A Brick Lane é atualmente uma das zonas mais alternativas e autênticas da cidade

  • Camden Town: esse bairro, que no passado era a zona mais underground de Londres e reduto musical, converteu-se em uma região altamente turística e está praticamente tomado por lojas de souvenirs e redes de fast-food; ainda assim, vale a pena a visita principalmente para explorar o Camden Market e tirar uma foto com a estátua da moradora mais ilustre da zona: Amy Winehouse.
Apesar de Camden Town estar muito massificado, ainda vale a pena passear pelo Camden Market para comer e comprar

Dia 3

  • Museu Imperial da Guerra (Imperial War Museum): o museu da Guerra, como o nome já diz, está dedicado à história da primeira e segunda guerras mundiais e conta com objetos não apenas britânicos, mas também americanos, russos, alemães e japoneses. A entrada, mais uma vez, é gratuita e neste caso não é preciso reservar com antecipação.
  • Green Park e Palácio de Buckingham: a visita ao Palácio de Buckingham acaba sendo apenas contemplativa caso você, como eu, vá em um dia ou hora em que não é feita a troca da guarda. Ao lado do Palácio é possível passear ou descansar um pouco no Green Park, que é especialmente bonito no outono, com as cores das folhagens tão típicas dessa época.
O imponente Palácio de Buckingham, residência atual do Rei Charles, fica ao lado do Green Park, uma das muitas zonas verdes de Londres

  • Picadilly Circus: esta é a avenida mais importante de Londres, uma mistura de Avenida Paulista (negócios), Oscar Freire (lojas) e Times Square (propaganda). Nela estão os hotéis mais luxuosos da cidade, como o Ritz ou o Hard Rock, além de lojas de altíssima moda e restaurantes dos mais caros. 
  • Mayfair: o bairro que ganhou meu coração em Londres é Mayfair, e não é para menos, pois trata-se do bairro que concentra a população mais rica da capital, então tudo nele é bonito (as casas, as ruas, os carros, as calçadas, os jardins, as lojas...). É um bairro bem residencial, mas com uma avenida mais comercial e com um mercado gastronômico maravilhoso e inusitado, pois fica dentro de uma igreja! Me lembrou algo similar que vi quando estive na Basileia (Suíça). Para os fãs de série de livros da família Bridgerton, este é o bairro onde mora a alta sociedade londrina retrata nas histórias.
O bairro de Mayfair é o mais rico de Londres

O Mercato Mayfair surpreende por estar dentro de uma igreja; vale a visita para comer bem pagando um valor bastante aceitável

Dia 4  

  • Estação Kings Cross St Pancreas: a estação King Cross é uma estação de trem com conexões nacionais e internacionais. Não seria um ponto exatamente turístico se não fosse - outra vez - por Harry Potter. Essa estação é usada na história do bruxo como ponto de partida do trem que leva os alunos à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e acabou convertendo-se num local MUITO atrativo. A fictícia plataforma 9 3/4, de onde sai o Hogwarts Express, é insanamente visitada por fãs da saga, loucos para tirar uma foto segurando o carrinho com as malas que fica permanentemente grudado na parede de estação. A espera na fila para fazer essa foto é de, no mínimo, 30 min a 1 hora.
A plataforma 9 3/4 na Estação Kings Cross: uma visita obrigatória para os fãs de Harry Potter

  • Loja Oficial Harry Potter: e do lado da plataforma 9 3/4 fica outro grande atrativo de turistas à Kings Cross, que é a loja de souvenirs oficial do Wizarding World, que é o conglomerado oficial responsável pelo merchandising de Harry Potter. Os preços são salgadinhos (como tudo na Inglaterra), mas até que dá para sair da loja com alguma lembrancinha em mãos.


Comer em Londres

Nosso roteiro de 4 dias em Londres contou também, obviamente, com experiências gastronômicas. Mas vale o alerta de que comer em Londres é outro fator a ter muito em conta na hora de preparar seu orçamento para realizar essa viagem. É possível encontrar de tudo na cidade, como já disse, tanto a nível de preços como a nível cultural, já estamos falando de uma metrópole muito globalizada.

Para quem precisa economizar, a dica é comer nas "barraquinhas" dos vários mercados gastronômicos que existem pela cidade, comer em bairros com concentração de imigrantes, como Barking, Chinatown ou Brick Lane, ou comprar lanche ou comida pronta nos supermercados (na hora do almoço os mercados costumam oferecer um menu deal que inclui algum sanduíche + bebida + batata chips ou chocolate, por exemplo, a menos de 10 libras).

Se você não abir mão de viver uma experiência autenticamente britânica, pode optar pela rede de pubs low cost chamada Wetherspoons (há milhares de restaurantes dessa rede espalhados pela cidade), onde é possível gastar uma média de 15 libras por pessoa com comida + 1 bebida.

O típico Fish & Chips britânico

Entre os pratos a pedir, recomendamos as opções mais típicas do país (que costumam ser bem feitas e ter muita qualidade), como o fish & chips, o café da manhã inglês (que em muitos lugares é servido durante todo o dia, afinal é uma refeição!), além de pratos de carne assada com molho e hambúrguers. Uma comida mais desconhecida que provamos e aprovamos é a Cornish Pasty, uma espécie de empada gigante recheada com carne e batata cozidas que é uma verdadeira comfort food para os dias frios e chuvosos de Londres. 
 
Vai fazer uma viagem pelo Reino Unido e quer ler informação de mais destinos na região? Então leia também meu post sobre Dublin!

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